domingo, 15 de fevereiro de 2009

Carta aberta

Há pessoas assim, com quem temos afinidades que nem percebemos de onde vêm.
Pessoas que frequentemente têm na ponta da língua o final das nossas frases; que parecem adivinhar os nossos pensamentos e que são implacáveis a esfolar depois de nós termos "matado".
Pessoas que connosco chegam a partilhar idéias, sem delas nunca se ter falado.
Isto é estranho. É! E é tanto mais estranho quando nenhuma ligação física existe.
Agora imaginem o quanto é estranho quando duas pessoas nessas circunstâncias nem sequer se conhecem!!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Desencontro

"Só quem procura sabe como há dias
de imensa paz deserta; pelas ruas
a luz perpassa dividida em duas:
a luz que pousa nas paredes frias,
outra que oscila desenhando estrias
nos corpos ascendentes como luas
suspensas, vagas, deslizantes, nuas,
alheias, recortadas e sombrias.

E nada coexiste. Nenhum gesto
a um gesto corresponde; olhar nenhum
perfura a placidez, como de incesto,

de procurar em vão; em vão desponta
a solidão sem fim, sem nome algum -
- que mesmo o que se encontra não se encontra."
J.Sena

AnaLee disse...

É também o Jorge de Sena que tem um poema que fala de perspicácia.
Infelizmente não o encontro em lado nehum, nem na estante nem no google. Fica para oportunidade próxima...