quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Memórias II

Sou professora do 1º ciclo, já o sabem todos os meus três dedicados visitantes.
Sou professora do 1º Ciclo, gosto de o ser, hei-de ser sempre professora, mesmo que algum dia deixe de dar aulas.
Além disso tirei outro curso, nos tempos em que havia tempo e disponibilidade para tirar cursos.
Posto o preâmbulo que apenas serve para situar no espaço quem vai ler o resto, vamos à história e , se houver tempo, à moral da história:

Há uns anos (meia dúzia, poucos portanto) tive um colega na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que por lá se arrastava já há alguns cursos. Era o P. Carismático, tonitroante, não havia hipótese, quer se fosse aluno da noite ou do dia, de passar por aquela faculdade sem travar conhecimento com ele. Uma espécie de ex libris lá da casa.
Ora o P. não estava muito preocupado em terminar o curso; percebia-se que aquela era uma vida de que gostava, percebia-se que o dia da sua "formatura" seria o fim de um ciclo e a nostalgia até se antecipava.
O problema era que, interessado ou não em terminar o curso, o P. gostava de ter o controlo da situação nas mãos e já o chateava até à medula que uma cadeira não fosse feita, ao fim de uma boa dezena de tentativas, porque o regente decidia sempre que ele tinha que voltar na época seguinte.
Farto de ser chumbado pelo senhor Professor, eminente jurista da nossa praça que ainda mexe e muito recentemente veio meter o bedelho nos assuntos dos professores, o P. resolveu lançar mãos de medidas preventivas, antes da época de exames.
Um dia, ao fim da noite, ao chegar ao seu carro, uma bomba verde reluzente nova quase em folha, o senhor Professor vê o P. sentado no capot, perna traçada e pézinho bamboleando, enquanto com a mão afagava a chapa:
- Belo carrinho, Professor, belo carrinho!
No carro não ficou nenhum sinal da passagem do P. mas o P. passou a cadeira no final do semestre. Acho que até dispensou a oral!
E a pergunta que deixo:
Alguém disposto a sentar-se comigo no carrinho da ministra?

3 comentários:

Anónimo disse...

Ficar a rir-se de mim? Era o que faltava!
Aí vai:

Há já muitos, muitos anos,
Num reino à beira do mar,
Vivia aquela donzela cuja nome era Anabela Lee
(De quem heis-de ouvir falar)
E que só pró nosso amor
Tinha viver e pensar.

Eu e ela ainda crianças
Nesse reino ao pé do mar.
Mas era mais do que amor
O amor do nosso amar.
Amor que os anjos do céu
Nos queriam cobiçar.


Por isso que há muitos anos
Nesse reino ao pé do mar
Um vento frio gelou a minha bela Anabela Lee,
Donzela do meu amar.
Os nobres parentes dela
Quiseram-no sepultar
E pra longe ma levaram
Nesse reino ao pé do mar.

Que até os anjos do céu, vendo nossa felicidade,
Nos houveram d’invejar!
E por isso o mundo sabe
Nesse reino ao pé do mar
Que à minha bela donzela, a bela, bela Anabela Lee
O vento veio matar.

Maior era o nosso amor
Que dos homens os amores,
‘Té o dos mais sabedores.
Que nem os anjos do ar
Nem o demo sob o mar
A minh’alma d’alma dela, da bela, bela Anabela Lee
Jamais podem apartar.

Porque a lua em seu brilhar traz-me sonhos d’encantar
Da minha bela donzela, a bela, bela Anabela Lee
E as estrelas ao nascer o olhar me fazem ver
Da minha bela donzela, a bela, bela Anabela Lee
E assim a noite inteira eu quedo e repouso à beira
Da minha amada querida, minha noiva e minha vida,
No sepulcro ao pé do mar,
Sua campa junto ao mar.

E esta ?
Cara Anabela, isto está-se a transformar num blogue de luxo! Vê como o anonimato é belíssimo!
Dois anónimos (pronto anónimo! unamos esforços) de esta estatura?
Isso queriam outros umbigos!
Ah! Ah! Ah!
Está "pra" sua vida, não está?

AnaLee disse...

Diria mais que isso, estou pasma!!
Dois anónimos de luxo e com quem tenho afinidades literárias pelo menos!

AnaLee disse...

Ah, é verdade, não sou Anabela. Ana Lee é só meio nickname porque o Ana é mesmo "name".
:))