quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


"O que me dói em ti

Poesia

É saber que as palavras te enfeitam como rosa

Querer-te lírica e ver-te transfiguração de prosa.

O que me dói em ti

Poesia

É saber que as palavras são perfume e cor.

O que me dói em ti é querer-te vida vida e ver-te versos

Saber-te poemas e querer-te alegria e dor.

Poetas são os que escrevem

Não os que amam

Esses esvaziam-se apenas a ouvir o coração pulsar

Enquanto outros fingem ideais que proclamam.

... isto já nem é poesia

É a caneta a respirar"









O Francisco Lopes é o autor deste poema que está publicado no livro "O mistério da carne nua", uma edição de autor, humilde, preciosa e que nem sequer tem ficha técnica.
O Francisco foi meu professor de história no 9º ano, há muito tempo atrás; depois ficou meu amigo e infelizmente já não o vejo há uns anos. Mas sei onde está e o que faz, sei por exemplo que teve o bom senso de deixar de ser professor e que continua a "mexer" em livros, o que imagino que lhe dê muito gozo.
O Francisco é uma memória querida e indelével!


9 comentários:

Anónimo disse...

Pela primeira vez vou discordar frontalmente da Ana e dizer-lhe que me sinto não insultado, mas magoado com uma simples frase que escreveu:
"sei por exemplo que teve o bom senso de deixar de ser professor"

Como diz cara Ana?
Então quem deixa de ser Professor tem bom senso? Porquê?
E o contrário? Quem apesar das diversidades continua Professor, é Parvo, Louco?

Ai! Ana Lee, já me parece conversa de sala de professores e o seu blogue não é isso!

Anónimo disse...

Pronto, aí vai apesar de zangado não com o Francisco Lopes, mas com a Ana.

""Estou triste como um beiral sem ninhos de andorinhas
Sinto-me gato preto em noites de janeiro
A passear o tédio p'las esquinas,
A espalhar as mágoas minhas
Amaldiço-o esta existência vegetal.
Este sofrer todo o dia, a toda a hora, o ano inteiro,
Esta dor, este desespero, este mal
Que me faz sentir rude como a casaca do sobreiro,
como se fosse cardo e quisesse ser flor,
E quisesse ser rosa...
Mimosa, em botão.
E fosse logo dor,
Antes de ser flor,
E tivesse espinhos no coração.
Ah! mas que raiva, que ódio, que loucura
Esta coisa de a própria amargura
Que sinto na minh'alma
Se transformar em espasmo,
Em orgasmo,
Feito calma!"

AnaLee disse...

Pensei algum tempo antes de passar a escrito essa frase que destaca; sabia exactamente que ela provocaria, o efeito que provocou em si meu caro anónimo!
Mas ainda assim decidi colocá-la no texto.
Sabe, o bom senso de que falo tem a ver com o facto de alguém se livrar desta política de insulto e enxovalho a que todos temos vindo a ser sujeitos. De um ponto de vista estrito, o que esta gente merecia era que todos nós deixassemos de investir, deixassemos de nos preocupar, desistissemos de pôr de pé a escola inclusiva e universal pela qual somos responsáveis e em que todos nós ( ou pelo menos a maioria de nós) continuamos a acreditar!
Se pensar noutras coisas que já aqui deixei ditas, sabe certamente que isto que acabo de expressar não é mais que um desabafo desesperado, porque, e vou repetir-me, sou professora, gosto de ser professora, tenho orgulho em ser professora e serei sempre professora mesmo se algum dia deixar de ensinar

AnaLee disse...

Vai ter de me dizer, é uma súplica, conhece o Francisco?

Anónimo disse...

Não.
Mas já algum tempo este poema inserido num blogue chamou-me à atenção, por belíisimo.
Nunca desperdiço um poeta e o Francisco pelo seu poema e por este mostra ser um poeta, mesmo!

Já agora compare com este merdelim armado de poeta,nosso colega que anda num blogue, (o do tal RM que achava que o "poeta castrado" era do tal merdelim) a chatear a inteligência de outros Professores. Repara na canção da Ágata e nisto dedicado à mulher...como diria o Tintin, "Com mil milhões de..."

"Podem levar o meu prato
O meu pedaço de pão
Podem roubar o meu fato
Esfarrapar o meu contrato
Porém o meu sonho não

Podem tirar-me o calor
O sono do meu colchão
Podem dobrar-me o suor
Arrancar o meu sabor
Porém o meu sonho não

Podem levar-me a guarida
As tábuas do meu caixão
Encomendar-me a dormida
Arrastar-me desta vida
Porém o meu sonho não

Podem privar-me de tudo
Até do meu ser corporal
E eu viverei contudo
Inteiro no conteúdo
Do meu sonho imortal"

Eu completo o poema à O'Neill:
" E com Rexona nas asas e umbigo deixo de cheirar mal"

Este g"gajo" não é mesmo o Francisco!

E desculpe Ana , mas vou ali num instante tomar um chã de cidreira para o enjoo!

AnaLee disse...

Estou aqui a torcer-me a rir!!!
Tome lá um cházinho por mim!
Quanto aos poemas do Francisco, gosto deles há muito (quase a minha vida toda já que os conheci com 15 anos).
E o Francisco era o que são os seus poemas:
Simples, generoso, sensível, delicado.
O melhor dos professores e tive muitos e muito bons. O mais doce dos homens. Genuíno e caloroso, entusiasmado com a vida e com as pessoas...
Decidi ser professora depois de ser aluna dele.
Creio que é por me ter cruzado um dia com ele e com outros professores do calibre dele que não me imagino a não saber quem é o autor do poeta castrado!
Professora iletrada não!!!!

AnaLee disse...

É óh meu querido anónimo, vai ter de me dizer por favor que blogue é esse onde se publicam poemas do Francisco Lopes! Adoraria visitar esse cantinho!

Anónimo disse...

Gostava eu. Tirei o poema para Word e não guardei o blogue.

AnaLee disse...

Já agora uma informação adicional: o poema que encontrou no tal blogue foi escrito a 30.05.1982