Há bocadinho, enquanto fazia o jantar, ouvi de soslaio no telejornal que o Belmiro da Sonae, outro engenheiro, tinha sido agraciado com um honoris causa lá pela Universidade do Porto. Não me virei, não me interessava o assunto.
Mas, no final da cerimónia, a comunicação social fez questão de ouvir o homenageado e aí sim, já tive que olhar de esguelha, com aquela espécie de náusea que o engenheiro sempre me provoca.
Dizia a criatura, agora doutor, que a crise, ao contrário do que alguns por aí vaticinam, não está nada a começar a definhar. Não senhor! E que não definha porque aqui neste País não há agressividade no combate aos direitos adquiridos ( não foi exactamente isto, mas foi este o sentido e o brilhante raciocínio incluia a palavra agressividade como coisa positiva, e direitos adquiridos como moléstia pestilenta).
O engenheiro Belmiro da Sonae afinal quem é? Sempre me fez confusão que opine como se tivesse conhecimento de causa; que seja interrogado como se a opinião dele nos importasse; que seja tido como um tipo de que nos orgulhemos!
É que o Belmiro é somente alguém que enriqueceu à custa de explorar quem trabalha para ele. Não consta que seja um intelectual que reflecte, um artista que recria, um benemérito solidário.
Não consta que tenha arriscado a sua vida em prol de nada, não me parece que tenha deixado a sua marca de homem ímpar em lado nenhum.
Consta, isso sim, que ficou rico e construiu um império, dando precariedade aos seus funcionários, horários duros, condições de trabalho sem margem para WC...
Na, o Belmiro da Sonae pode ser engenheiro mas não é alguém cuja opinião nos tenha qualquer préstimo.
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