segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E-mails

De há uns meses a esta parte, tenho vindo a receber com alguma insistência, um e-mail cuja origem se desconhece porque não vem assinado e que destila fel contra os sindicatos, por estes alegadamente nada fazerem pelos professores ( e educadores ) monodocentes.
Respondi aos primeiros que recebi; aí ao quarto ou quinto igual deixei de responder.
Hoje contudo em conversa com colegas e amigos percebi que a bendita mensagem continua a correr. Resolvi por isso publicar aqui a resposta que o Mário Nogueira deu a um desses e-mails.



“Colegas,
Lendo o teor do mail que nos chegou, gostaria de tecer os seguintes comentários: se há professores que ganharam com a acção dos Sindicatos, com as suas reivindicações, com os resultados obtidos por via da actividade sindical são os Educadores de Infância e os Professores do 1º Ciclo. Desde logo, defendendo os Educadores de Infância como docentes. Vários foram os governos que pretenderam retirar-lhes esse carácter, tendo mesmo havido um projecto de estatuto de carreira docente que excluía os educadores com todos os custos que daí adviriam: horários, funções, salários, tutela, aposentação, estatuto profissional e salarial. Foi a forte oposição sindical e, em especial, da FENPROF, que fez recuar essa intenção. Também em relação aos professores do 1º Ciclo, basta recordar o seu estatuto social e profissional até à sua inclusão no estatuto da carreira docente; a sua diferença salarial em relação aos colegas de outros sectores de ensino até 1990; as suas condições de trabalho até há bem pouco tempo atrás, problema que, aliás, ainda não está completamente resolvido... Há ainda caminho a percorrer? Ah, pois há e muito, mas a percorrer por todos os professores com os seus Sindicatos. Este discurso do ”desgraçadinho” discriminado não valoriza os professores do 1º Ciclo e os Educadores; esta acusação aos Sindicatos, que têm sido fundamentais na dignificação e valorização do 1º Ciclo e da Educação Pré-Escolar, é injusta e não ajuda nada em termos de futuro. Este isolamento em relação aos restantes sectores e este sentimento de discriminado não é bom para os professores do 1º Ciclo e Educadores. O isolamento e um eventual afastamento dos Sindicatos acabaria por ter consequências trágicas, levando a perdas, em diversos níveis de carreira e mesmo sociais, em relação aos restantes colegas. Até em relação a uma eventual outra forma de organização de que alguns, por vezes, falam, do género de uma ordem, teria as piores consequências para os colegas destes sectores. Não compreender isto e agir em sentido contrário seria dar tiros nos pés e com uma arma de grande calibre. Claro que ser sindicalizado ou dessindicalizar-se é um direito individual dos professores. Cabe, no entanto, pensar, antes de tomar qualquer atitude, sobre que interesses se estão a servir. Pela minha parte estou convencido de que o Primeiro-Ministro Sócrates e a Ministra Lurdes Rodrigues aplaudiriam qualquer acção que fragilizasse os Sindicatos que tanto resistiram face aos ataques que foram desferidos contra os professores.
Um Abraço,
Mário Nogueira (Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico; Secretário-Geral da FENPROF).”

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