domingo, 30 de maio de 2010


No telejornal de há pouco vi uma coisa medieval: Umas senhoras de ar muito dorido e bento, a rezar à porta da Clínica dos Arcos em Lisboa, para demoverem outras senhoras, menos dadas às dores da alma, ao sentimento e às coisas santas, de irem lá matar as crianças que trazem dentro das suas barrigas. E o grupo cantava uma ladaínha que falava de amor e luz, punham a mãozinha no coração, bramiam tercinhos cujas contas eram lágrimas azulinhas com pequenos fetos dentro e ostentavam bebés de carne e osso, como quem exibe um troféu de caça. Ao que parece já salvaram 20 fetos de morte certa e já tentaram expandir a actividade até Badajoz; a polícia espanhola é que não esteve pelos ajustes e mandou destroçar. Segundo a jornalista que assinava a peça, em Portugal não há nada que se possa fazer, pois aquelas pessoas apenas se juntam para rezar na rua.
Lembrei-me logo que há uns anos, vivia eu no Ribatejo, havia na terra um agente que ficou famoso e ganhou a alcunha de Trinitá o Justiceiro; multava quem estivesse na via pública em "ajuntamentos de mais de dois"... Ainda bem que o Trinitá se reformou e que aquelas senhoras só se juntam para rezar na rua! Se bem que tenho cá para mim que, se me lembrar de juntar uns amigos e formos de terço na mão para a 5 de Outubro, murmurar umas novenas para a Ministra de Educação caír nela e deixar de "atentar" contra os Professores e a Escola Pública, sem primeiro pedirmos autorização ao Governador Civil, não teremos tempo de completar nem a primeira avé-maria...

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