Porque todos vemos o mesmo de forma diferente, partilhar enriquece cada um de nós!
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
E-mails
Respondi aos primeiros que recebi; aí ao quarto ou quinto igual deixei de responder.
Hoje contudo em conversa com colegas e amigos percebi que a bendita mensagem continua a correr. Resolvi por isso publicar aqui a resposta que o Mário Nogueira deu a um desses e-mails.
“Colegas,
Lendo o teor do mail que nos chegou, gostaria de tecer os seguintes comentários: se há professores que ganharam com a acção dos Sindicatos, com as suas reivindicações, com os resultados obtidos por via da actividade sindical são os Educadores de Infância e os Professores do 1º Ciclo. Desde logo, defendendo os Educadores de Infância como docentes. Vários foram os governos que pretenderam retirar-lhes esse carácter, tendo mesmo havido um projecto de estatuto de carreira docente que excluía os educadores com todos os custos que daí adviriam: horários, funções, salários, tutela, aposentação, estatuto profissional e salarial. Foi a forte oposição sindical e, em especial, da FENPROF, que fez recuar essa intenção. Também em relação aos professores do 1º Ciclo, basta recordar o seu estatuto social e profissional até à sua inclusão no estatuto da carreira docente; a sua diferença salarial em relação aos colegas de outros sectores de ensino até 1990; as suas condições de trabalho até há bem pouco tempo atrás, problema que, aliás, ainda não está completamente resolvido... Há ainda caminho a percorrer? Ah, pois há e muito, mas a percorrer por todos os professores com os seus Sindicatos. Este discurso do ”desgraçadinho” discriminado não valoriza os professores do 1º Ciclo e os Educadores; esta acusação aos Sindicatos, que têm sido fundamentais na dignificação e valorização do 1º Ciclo e da Educação Pré-Escolar, é injusta e não ajuda nada em termos de futuro. Este isolamento em relação aos restantes sectores e este sentimento de discriminado não é bom para os professores do 1º Ciclo e Educadores. O isolamento e um eventual afastamento dos Sindicatos acabaria por ter consequências trágicas, levando a perdas, em diversos níveis de carreira e mesmo sociais, em relação aos restantes colegas. Até em relação a uma eventual outra forma de organização de que alguns, por vezes, falam, do género de uma ordem, teria as piores consequências para os colegas destes sectores. Não compreender isto e agir em sentido contrário seria dar tiros nos pés e com uma arma de grande calibre. Claro que ser sindicalizado ou dessindicalizar-se é um direito individual dos professores. Cabe, no entanto, pensar, antes de tomar qualquer atitude, sobre que interesses se estão a servir. Pela minha parte estou convencido de que o Primeiro-Ministro Sócrates e a Ministra Lurdes Rodrigues aplaudiriam qualquer acção que fragilizasse os Sindicatos que tanto resistiram face aos ataques que foram desferidos contra os professores.
Um Abraço,
Mário Nogueira (Professor do 1º Ciclo do Ensino Básico; Secretário-Geral da FENPROF).”
sábado, 29 de agosto de 2009
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
As ministras, a Gripe e o Plano de Contingência
A palhaçada desta conferência de imprensa, não sei se me dá vontade de rir ou de chorar!
Aquela imagem do ginásio e do spray desinfectante é de antologia.
Mas será preciso conhecer as nossas escolas para perceber que nada disto é exequível na grande maiorira dos casos?
Alguém imagina os meninos da José Cardoso Pires a usar o sprayzinho antes de usar a ráquete?
Ai senhores...
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Calçada de Carriche
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
António Gedeão, in 'Teatro do Mundo'
O Solitário
Obedecer? Não! E governar, nunca!
Quem não se mete medo não consegue metê-lo a
ninguém,
E só aquele que o inspira pode comandar.
Já detesto guiar-me a mim próprio!
Gosto, como os animais das florestas e dos mares,
De me perder durante um grande pedaço,
Acocorar-me a sonhar num deserto encantador,
E forçar-me a regressar de longe aos meus penates,
Atrair-me a mim próprio... para mim.
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"
Para Sempre, Xutos e Pontapés
Tema do filme Tentação. Grande música, na minha opinião melhor que o filme.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
O Pior Hotel do mundo! Há gostos para tudo.
Situado no coração da movida de Amesterdão, o Hans-Brinker descreve-se pela negativa. Não tem ar condicionado, minibar, parque de estacionamento, serviço de quartos ou sauna... Estes são apenas cinco dos motivos pelos quais ele é considerado o Pior Hotel do Mundo.
Há outras tantas para estar sempre cheio: é barato (25 a 40 euros por pessoa), tem quartos de várias tipologias, limpos, com casas-de-banho e duches privativos, pequeno-almoço incluído, um bardiscoteca aberto até às três da manhã, e fica a cerca de cinco minutos da zona de maior animação nocturna da capital holandesa. A recepção encontra-se aberta 24 horas. Na cave, a zona mais underground do edifício, há acesso livre à internet e local para guardar a bagagem, sem custos. Ok, as camas podem ser pouco confortáveis, mas na zona lounge, junto ao restaurante, a comodidade será maior. Ideal para viciados, já que é permitido fumar em várias zonas do hotel.
Os hóspedes que por lá passam recordam a nem sempre linear simpatia dos empregados e a facilidade com que se conhecem outros turistas naquele espaço - quer dividindo quartos ou frequentando as zonas comuns.
A (má) fama do hotel vem de longe, vai para 15 anos. Para não deixar passar em branco o sucesso de ser tão mau - ou mesmo o pior - foi agora editado o livro The Worst Hotel in the World. Quase 300 páginas, contendo entrevistas, factos e fotografias, servidas a cru, onde se mostra toda a verdade deste curioso hotel.
Com tanta procura (fazer uma marcação para o Hans-Brinker é quase impossível), ao mínimo atraso, a reserva pode ir à vida. Há que avisar quando não se consegue lá chegar antes do meio-dia. A todos os que lá ficam promete-se uma estada sincera (quem arrisca a lá ficar sabe ao que vai), mas acima de tudo divertida.
Daqui
Que bom, estamos todos tão contentes!
O primeiro e a sua ministra dilecta, foram hoje fazer campanha numa escola aqui de Lisboa. Eles sabem que os votos dos professores lhes podem custar não só a maioria mas mesmo a vitória nas próximas eleições!
A estratégia ( não muito lúcida, diga-se em abono da verdade) é bramir números, apelar ao sentimento da opinião pública, agitar a bandeira da MELHORIA DOS RESULTADOS E DA ESCOLA PÚBLICA e, uma vez mais, lançar subrreptíciamente sobre os professores, o estigma da incapacidade e da não produtividade. Foram as políticas correctas que ELES levaram a efeito que proporcionaram estes bons resultados que ELES divulgam. A má situação que afecta o ensino é meramente uma questão profissional, ou seja, os professores estão chateados porque têm que trabalhar mais, por isso se manifestam, mas que remédio têm senão trabalhar e daí tão brilhantes números.
Antes destas iluminadas reformas os resultados eram maus porque não se fazia nenhum...
Desenganem-se senhora ministra e senhor primeiro, nem assim conseguirão manter-se à tona!
Buena Vista Social Club, Chan Chan Chan
Leyenda, popularidad, y fama mundial que rompió el bloqueo musical impuesto a Cuba por la industria de la música y el disco
por Rafael Lam, Prensa Latina
La Habana.- Buena Vista Social Club (o mejor dicho Club Social Buena Vista) era una sociedad habanera para personas de raza negra, muy famosa en las primeras décadas del siglo XX, a la cual le dedicaron dos piezas musicales Arsenio Rodríguez (Buena Vista en guaguancó) e Israel López "Cachao" (Club Social Buena Vista). Inspirado en ese título, Juan de Marcos González conformó una orquesta llamada Afro Cuba All Stars y grabó tres discos, uno de ellos titulado Buena Vista Social Club, la llama que estalló y logró un Grammy en la categoría de música tradicional en 1998.
Un triunfo que sirvió para que el éxito se regara como pólvora e impulsara el renacimiento del son y la trova tradicional de fin del milenio, como uno de los fenómenos más destacados del siglo.
Comencemos con el salón Club Social Buena Vista. Antes de los cambios sociales operados en 1959 en Cuba, existían sociedades de diferentes etnias: negra, española, china y otros grupos. En la primera de éstas, algunas de las más famosas fueron Unión Fraternal, Las Aguilas, Marianao Social, Atenas, Antillas, Isora, Jóvenes del vals y Club Social Buena Vista, fundada en 1932 en el barrio habanero de Buena Vista.
Se encontraba a unos mil metros de lo que sería después el cabaret Tropicana. En 1939 (cuando se inaugura éste) se traslada hacia el antiguo barrio de Alturas de Almendares. Su sede era una residencia de unos 15 metros de largo por 20 metros de ancho, con un patio de unos 10 metros de largo por 15 de ancho.
Se bailaba tanto en la sala como en el patio. La orquesta se instalaba en la sala, donde bailaban los asociados, y, en el patio se colocaban dos cantinas de cervezas Polar y Tropical.
Por el día se habilitaba un ring de boxeo, para entrenamiento, se jugaba al dominó y a las barajas. Se brindaban cursos de costura y otras facilidades a las muchachas. El presidente de la sociedad era Julio Dueñas y la directiva la componían: Travieso, Periquito, Regijo, Marino, Gustavo y Curbelo, como dice la canción de Arsenio Rodríguez.
Los asociados pagaban una mensualidad, un directivo velaba por el comportamiento, sobre todo que las parejas no se estrecharan demasiado al bailar el danzón "en un ladrillito". Era obligado vestir traje o guayabera, zapatos de dos tonos. Las mujeres, impecables.
A los bailes asistían las agrupaciones más gustadas, de esa etnia: Los conjuntos de Arsenio Rodríguez, René Alvarez y Los Astros, Chocolate, Modelo —en los 50—, Chapottín. Las orquesta Ideal, Neno González, Pedrito Calvo, Charanga de Orestes López, Cheo Belén Puig, Típica de Aniceto Díaz, Orquesta Elegante con Cheo Marquetti, Típica de Silvio Contreras, Armando Valdespí, Eliseo Grenet, Estanislao Servía, Arcaño y sus Maravillas.
Club Social Buena Vista ofrecía bailes muy populares; algunos salones más aristocráticos contrataban orquestas más refinadas. Por el Buena Vista...pasaba el tranvía y cerca se encontraba el Crucero de la Playa, en las calles 31 y 42.
La avenida 31 cuenta con 12 pistas, extremadamente ancha para aquellos tiempos. Parte de ellas se llenaban de público que desde la calle disfrutaba el baile. Muchos eran blancos que no podían entrar.
En 1995, el director del grupo Sierra Maestra, Juan de Marcos González viaja a Londres con el fin de promover el disco Dundumbanza. Conversa con el presidente de la World Music, Nick Gold, “le expongo la idea de producir un disco con un “ven tú” (una selección All Stars de la vieja guardia) de algunos músicos consagrados y algo olvidados y rescatar el sonido de las grandes big bands de jazz afrolatino como Machito y los afrocubans.
"Coincidentemente ellos andaban en la misma frecuencia. Nick abraza la idea, sabiendo que en Cuba está el gran yacimiento rítmico con figuras legendarias”.
Rápidamente Juan de Marcos organiza en La Habana, a su regreso, una nueva orquesta, la Afro Cuban All Stars. Entre algunas de las muchas figuras se encontraban Compay Segundo, Ibrahím Ferrer, Manuel Licea (Puntillita), José Antonio (Maceo), Pío Leyva, Raúl Planas. Músicos de la talla del Guajiro Mirabal, Javier Zalba, Orlando López (Cachaíto), Rubén González, Miguel Angá.
Se graban en 1996 tres discos, entre ellos Buena Vista Social Club y A toda Cuba le gusta. Ambos son nominados. Finalmente el primero —que estaba tocado por la magia— se alza con el Grammy 1998 en la categoría de música tradicional.
Comienza la leyenda, la popularidad, la fama mundial. Le sigue el documental Buena Vista Social Club, de Wim Wenders. Los discos escalan el top de la revista Billboard, en Estados Unidos. Los contratan para los salones y teatros más prestigiosos del planeta viajan por los cinco continentes, desde la Tierra Santa a las Murallas de China, de Australia a la Patagonia.
Desde todo el mundo visitan a La Habana fotógrafos, cineastas, periodistas, guionistas, investigadores, cronistas, musicólogos, investigadores, todos los interesados en la música cubana. Cuba vuelve a ponerse en el mapa musical mundial, en el que siempre estuvo. Anteriormente había surgido en La Habana el boom de la salsa cubana. Cuba rompía el bloqueo musical impuesto por la industria de la música y el disco.
Esta es la verdadera historia del Buena Vista Social Club, aunque todavía falta el antecedente que lleva capítulo aparte y la historia de cada integrante de la orquesta Afro Cuban All Stars.
domingo, 23 de agosto de 2009
Ora aí está!
Aqui
Lágrima de Preta
O Poema é de António Gedeão, a música de José Niza.
Canta Adriano Correia de Oliveira
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Carvalhal
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Liberdade
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Sobre o artigo do Expresso
"De onde vem a inteligência" , os professores lá levam uma bicada venenosa:
"Não há pessoas mais inteligentes"
Por isso, "não há pessoas mais inteligentes do que outras". Há sim pessoas que, por razões individuais, familiares, sociais ou de privilégios vários, tiveram a hipótese de desenvolver as várias facetas da sua inteligência. "Muitas crianças não têm essa hipótese, por razões familiares, desinteresse dos adultos, escolas abaixo de cão, professores doentiamente desinteressados (a não ser na questão da sua avaliação, o que já consumiu três anos lectivos) e um sistema de ensino caduco e ultrapassado com um ministério napoleónico quase patético." A estes factores acrescem as desigualdades sociais e económicas, "que são das maiores causas dessas diferenças".
Na minha opinião, o artigo está fraquinho, acrescenta nada ao tema. Realço a má-vontade do especialista em relação aos professores e a ignorância face ao que os move. Dois factos que, conjugados, já atestam da "qualidade" do especialista!
terça-feira, 18 de agosto de 2009
A Escola Portuguesa ( de então ), vista por Guerra Junqueiro...
Eis as crianças vermelhas
Na sua hedionda prisão:
Doirado enxame de abelhas!
O mestre-escola é o zangão.
Em duros bancos de pinho
Senta-se a turba sonora
Dos corpos feitos de arminho,
Das almas feitas d'aurora.
Soletram versos e prosas
Horríveis; contudo, ao lê-las
Daquelas bocas de rosas
Saem murmúrios de estrela.
Contemplam de quando em quando,
E com inveja, Senhor!
As andorinhas passando
Do azul no livre esplendor.
Oh, que existência doirada
Lá cima, no azul, na glória,
Sem cartilhas, sem tabuada,
Sem mestre e sem palmatória!
E como os dias são longos
Nestas prisões sepulcrais!
Abrem a boca os ditongos,
E as cifras tristes dão ais!
Desgraçadas toutinegras,
Que insuportáveis martírios!
João Félix co'as unhas negras,
Mostrando as vogais aos lírios!
Como querem que despontem
Os frutos na escola aldeã,
Se o nome do mestre é — Ontem
E o do discíp'lo — Amanhã!
Como é que há-de na campina
Surgir o trigal maduro,
Se é o Passado quem ensina
O b a ba ao Futuro!
Entregar a um tarimbeiro
Um coração infantil!
Fazer o calvo Janeiro
Preceptor do loiro Abril!
Barbaridade irrisória,
Estúpido despotismo!
Meter uma palmatória
Nas mãos dum anacronismo!
A palmatória, o açoite,
A estupidez decretada!
A lei incumbindo a Noite
Da educação da Alvoradal
Gravai na vossa lembrança
E meditai com horror,
Que o homem sai da criança
Como o fruto sai da flor.
Da pequenina semente,
Que a escola régia destrói,
Pode fazer-se igualmente
Ou o assassino ou o herói.
Desta escola a uma prisão
Vai um caminho agoireiro:
A escola produz o grão
De que a enxovia é o celeiro.
Deixai ver o Sol doirado
À infância, eis o que eu vos peço.
Esta escola é um atentado,
Um roubo feito ao progresso.
Vamos, arrancai a infância
Da lama deste paul;
Rasgai no muro Ignorância
Trezentas portas de azul!
O professor asinino,
Segundo entre nós ele é,
Dum anjo extrai um cretino,
Dum cretino um chimpanzé.
Empunhando as rijas férulas
Vós esmagais e partis
As crianças — essas pérolas
Na escola — esse almofariz.
Isto escolas!... que índecência
Escolas, esta farsada!
São açougues de inocência,
São talhos d'anjos, mais nada.
Guerra Junqueiro, in 'A Musa em Férias'
!!!
Prova Pública de acesso à categoria de professor titular
A admissão a concurso para acesso à categoria de professor titular depende de prévia
aprovação em prova pública, nos termos do previsto no Decreto-Lei n.º 104/2008, de
24 de Junho, que incide sobre a actividade profissional desenvolvida pelo docente.
1. A partir de hoje, estará disponível a aplicação electrónica para Candidatura e
upload do trabalho, e Validação de candidaturas à prova pública, na página
da DGRHE em www.dgrhe.min-edu.pt.
2. A candidatura destina-se a docentes dos quadros do Ministério da Educação
que tenham completado 15 anos de serviço docente, até à inscrição, com
avaliação de desempenho igual ou superior a Bom e que preencham os demais
requisitos.
3. O processo é realizado integralmente em suporte electrónico, pelo que quer a
formalização da candidatura com upload do trabalho, bem como todas a
informações e comunicações, são efectuadas com o recurso a aplicações
electrónicas.
4. O trabalho ficará acessível para visualização apenas para os membros do Júri.
5. A apresentação do trabalho deverá obedecer aos requisitos formais estipulados
no despacho disponibilizado na página da DGRHE, e baseia-se na experiência
do quotidiano escolar, do docente, devendo incidir sobre dois dos seguintes
domínios:
a. Preparação e organização das actividades lectivas, relação pedagógica
com os alunos e avaliação das respectivas aprendizagens.
b. Projectos inovadores desenvolvidos ou a desenvolver que contribuam
para a melhoria dos resultados escolares dos alunos.
c. Área de gestão e organização escolar.
6. O processo de candidatura electrónica para realização da prova pública
desenvolve-se nas seguintes etapas:
CANDIDATO
· Inscrição obrigatória
· Candidatura e upload do trabalho
· Reclamação para o presidente do júri
· Recurso hierárquico para o director regional
ESCOLA
Validação da candidatura:
a. A validação é efectuada na aplicação electrónica, mediante a documentação
apresentada pelo candidato ou a existente no respectivo processo
individual, e consiste na confirmação da veracidade dos dados da
candidatura.
b. Sempre que a escola tiver candidaturas para validar recebe um alerta
através do e-mail da escola.
c. Deve ser dado cumprimento integral aos prazos de validação das
candidaturas submetidas pelos candidatos – cinco dias úteis.
CFAE
· Indicação dos membros do júri
· Marcação da discussão da prova pública
JÚRI
· Discussão e decisão
· Listas de classificação
DIRECÇÃO REGIONAL
· Validação dos membros do júri
· Análise e decisão do recurso hierárquico
DGRHE, 17 de Agosto de 2009
Está tudo aqui
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Confusão
é teu coração?
Quem me reflexa pensamentos?
Quem me presta
esta paixão
sem raízes?
Por que muda meu traje
de cores?
Tudo é encruzilhada!
Por que vês no céu
tanta estrela?
Irmão, és tu
ou sou eu?
E estas mãos tão frias
são daquele?
Vejo-me pelos ocasos,
e um formigueiro de gente
anda por meu coração.
Federico García Lorca, in 'Poemas Esparsos'
Tradução de Oscar Mendes
domingo, 16 de agosto de 2009
Deus nos valha!!!
Eleições
Alberto João Jardim apoia "coragem" de Ferreira Leite ao fazer "limpeza" no PSD.
Alberto João Jardim afirmou hoje apoiar a “estratégia de coragem” da líder nacional do PSD que afastou algumas figuras do partido das listas de candidatos aos próximos actos eleitorais.
Pois cá para mim, corajosa seria a senhora se conseguisse dar um chuto no traseiro do ridículo Alberto João. Cheira-me que ela vontade tem...
Enfim, que o Senhor nos livre destes também.
U2 e Bruce Springsteen
Se eles, mesmo nestes fantásticos duetos, continuam sem encontrar o que procuram, que diremos nós, pobres mortais...
WOODSTOCK, 1969
Quem esteve em Woodstock de 15 a 17 de agosto de 1969 afirma que foi a maior manifestação de paz de todos os tempos. Para as más línguas, a descontração foi resultado do enorme consumo de drogas praticado durante o evento pelos jovens representantes da "geração das flores".
O que estava planejado era algo totalmente diferente. Os quatro jovens de Bethel, no estado de Nova York, que alugaram para o festival de rock ao ar livre a propriedade rural de Max Yasgur, de 250 hectares, contavam com no máximo uns 80 mil hippies.
Mas, ainda antes de a festa começar, não parava de chegar gente para ouvir The Who, Jimmy Hendrix, Joan Baez, Crosby, Stills & Nash, Jefferson Airplane e muitos outros mais que haviam confirmado presença. Logo foi preciso desmontar as cercas da fazenda, o que ocorreu com toda a calma, porque o pessoal não era de arruaça.
Max Yasgur não cabia em si de contentamento: "Sou um simples camponês. Não sei como falar para tanta gente. Esta é a maior multidão que já se reuniu num lugar. Mas acho que vocês provaram uma coisa para o mundo: que é possível que meio milhão de pessoas se reúnam para ouvir música e se divertir durante três dias — só música e divertimento".
O festival em Woodstock não foi o primeiro a ser realizado ao ar livre em fins da década de 60. E, para os hippies de verdade, até hoje o festival de Monterey, realizado na Califórnia no verão setentrional de 1967, continua sendo o acontecimento. Mas a ele compareceram apenas 50 mil pessoas. Woodstock reuniu pelo menos oito vezes mais.
Protesto político e fim de uma era
Em 1969, na verdade, já tinha quase passado a grande euforia da rebelião. Os estudantes de Paris, Berlim e Berkeley tinham desmontado suas barricadas e retornado às salas de aula.
Na Casa Branca, estava instalado Richard Nixon, que incorporava os clichês do governante reacionário em velhos moldes. E o que Woodstock significou, no fundo, foi a rejeição dos Estados Unidos que Nixon representava. Nada expressou tão bem essa rejeição quanto a guitarra de Jimmi Hendrix, entoando o hino nacional entrecortado pelos sons de bombas. Um ano antes de sua morte, o astro consagrava-se como o maior guitarrista de rock de todos os tempos.
Hoje Woodstock tem a aura de um mito, provavelmente também por representar o crepúsculo do movimento hippie. No mesmo ano, o clã de Charles Manson havia cometido assassinatos bárbaros ao som de rock e no embalo das drogas, matando entre outras pessoas a atriz Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski.
Ainda no mesmo ano, o rock chegou ao fundo do poço num concerto dos Rolling Stones em Altamont, na Califórnia, em que os Hell's Angels apunhalaram um negro diante do palco.
O festival do amor e da paz rendeu lucros para seus organizadores, que ganharam com os áudios e vídeos produzidos sobre o evento. Na lembrança, permanece a imagem de um mar de lama preenchido pelo lixo deixado pelos participantes: a chuva que caiu em Woodstock só fez reforçar o mito. "
Jens Thurau (lk)
Retirado daqui
sábado, 15 de agosto de 2009
Joe Cocker Live at Woodstock 1969, With a litle help from my friends
Foi há 40 anos. E o Joe já era desengonçado!
Milton e Chico
Cálice, maravilhoso e histórico tema de Chico Buarque e Gilberto Gil, na resistência à ditadura militar.
Contagiante
Isto aconteceu em Antuérpia, Bélgica, numa estação de comboios, onde, numa manhã de segunda-feira, sem advertência aos passageiros que passavam pela estação, a voz de Julie Andrews soou nos alto-falantes, cantando Dó-ré-mi. Reparem nos olhares perplexos das pessoas que estavam ali, naquele momento mágico. Foram 200 dançarinos e 4 semanas de ensaio, mas o resultado foi surpreendente.
Dire Straits com Eric Capton
Ao vivo em Wembley em 1988, por altura do 70º aniversário de Nelson Mandela.
Parece que na cerimónia do 90º quem actuou foi Madame Sarkozy...
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Ser Poeta
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
Fotógrafo!
Boas notícias II
Produto usado como antibiótico pode ajudar a impedir regresso dos tumores
Estão presentes nos cancros, embora em número muito pequeno. Elas podem ser responsáveis pelo crescimento de um tumor maligno e pela sua resistência à quimioterapia e radioterapia. As células estaminais dos cancros, identificadas há pouco tempo, pareciam, até agora, invencíveis. Mas uma equipa de investigadores nos Estados Unidos descobriu o seu primeiro calcanhar de Aquiles: um composto químico que as atinge de forma certeira.A equipa dirigida por Robert Weinberg e Eric Lander, do Instituto de Tecnologia do Massachusetts, publicou ontem esta descoberta na edição online da revista Cell. “Não era claro que fosse possível encontrar compostos que matassem selectivamente as células estaminais do cancro. Mostrámos que isso é possível”, diz Piyush Gupta, o primeiro autor do artigo, citado num comunicado de imprensa da revista. Tal descoberta foi possível graças a um método que permitiu procurar pela primeira vez —de forma automatizada e sistemática — agentes químicos que matem as células estaminais dos cancros. O facto de estas células serem raras entre a população de células que compõem um cancro não facilitava as coisas. Esta é a faceta negra das células estaminais, que costumam ser muito faladas pelos potenciais benefícios para a saúde humana, quando se aprender a manipulá-las cabalmente, uma vez que têm capacidade de dar origem a vários tipos de células. Aproveitando esta sua faceta, espera-se levá-las a diferenciarem-se, transformando-se numa variedade de células para tratar diversas doenças. Para chegar à identificação do composto químico, os cientistas utilizaram células de cancro da mama cultivadas em laboratório e procuraram as que tinham propriedades semelhantes às células estaminais, como por exemplo a resistência aos medicamentos para o cancro. Em seguida, explica o comunicado, pesquisaram uma base de dados com milhares de compostos químicos, para tentar identificar aqueles que teriam capacidade de destruir apenas essas células parecidas com as estaminais, e não as outras células do cancro. Chegaram a uma primeira lista de 32 compostos, que foram depois encurtando, até terem apenas uma mão cheia delas, que podiam obter em quantidade suficiente para testar em células cancerosas da mama. A salinomicina, conhecida pelas suas propriedades como antibiótico, foi a vencedora. É capaz de reduzir as células estaminais dos cancros em mais de cem vezes, por comparação com um fármaco muito usado no cancro da mama (o paclitaxel). “Quando injectadas em ratinhos, as células tratadas com salinomicina tinham menos capacidade de disseminar o cancro do que as tratadas com paclitaxel”, lê-se no comunicado. “O tratamento com salinomicina também abrandaram o crescimento de tumores em animais.”Como é que este composto funciona é que ainda não se sabe, nem se chegará a ser aplicado clinicamente. Mas daqui poderá nascer uma nova forma de atacar o cancro. Este resultado sugere, escrevem os cientistas no artigo, que muitas terapias contra o cancro, que matam o grosso das células cancerosas, podem falhar porque não eliminam as células estaminais, que sobrevivem ao ataque e dão origem a novos tumores.
Boas Notícias I
A Lei 77/2009 foi hoje publicada em Diário da República. Foi o culminar de uma batalha política que já tem cerca de 4 anos. Conseguiu-se finalmente que a justiça fosse reposta, contudo, dado o timing, cheira a rebuçado eleitoral!
Enfim, os "beneficiados" agradecem e, apesar da boa vontade súbita, não votarão nesta gente, certo?
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Mais Alto
Do sonho, onde morar a dor da vida,
Até sair de mim! Ser a Perdida,
A que se não encontra! Aquela a quem
O mundo nao conhece por Alguém!
Ser orgulho, ser águia na subida,
Até chegar a ser, entontecida,
Aquela que sonhou o meu desdém!
Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível
Turris Ebúrnea erguida nos espaços,
A rutilante luz dum impossível!
Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber
O mal da vida dentro dos meus braços,
Dos meus divinos braços de Mulher!
Florbela Espanca
Angel
Este post vai dedicado inteirinho ao "Blog da Mulher Necessária". Gosto de a visitar Cida, embora nem sempre deixe comentários!
Homenagem aos meus visitantes brasileiros!
Poema de Helena Lanari
Digam qualquer coisa!
E é engraçado constatar que a paisagem tem visitantes assíduos, de Norte a Sul do país e alguns estrangeiros também; pergunto-me quem serão, o que os fará vir até cá...
Só ontem, por exemplo, passaram por cá 22 visitantes. Pergunto:
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
O perfil de José Sócrates, por António Barreto
Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas,
contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal, ao ponto de, com
zelo, se exceder.
Prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar.
Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido.
Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que
se pode governar sem políticos.
Onde estão os políticos socialistas ?
Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são
responsáveis pelo seu passado?
Uns saneados, outros afastados.
Uns reformaram-se da política, outros foram encostados.
Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão.
Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro.
Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas
empresas que dependem do Governo.
Manuel Alegre resiste, mas já não conta.
Medeiros Ferreira ensina e escreve.
Jaime Gama preside sem poderes.
João Cravinho emigrou.
Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção,
que o socialismo ainda existe.
António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão.
Almeida Santos justifica tudo.
Freitas do Amaral, "ofereceu-se, vendeu-se" e reformou-se !
Alberto Martins apagou-se.
Mário Soares ocupa-se da globalização.
Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores.
João Soares espera.
Helena Roseta foi à sua vida independente.
Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância.
O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado.
Os sindicalistas quase não existem.
O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga
pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do
governo e da luta contra o défice.
O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso
do que a meditação budista.
Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento
público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos
políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.
Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates.
Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião,
mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento.
Mas nada de essencial está em causa.
Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente.
As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão.
Não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada
têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o
primeiro-ministro.
É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais.
Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o
incomodou realmente.
Mas tratava-se, politicamente, de uma questão menor.
Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo
estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.
O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário, Crispado, Despótico,
Irritado, Enervado, Detestando ser contrariado.
Não admite perguntas que não estavam previstas ou antes combinadas.
Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber.
Tem os seus sermões preparados todos os dias.
Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de
informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação.
O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade,
nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na
teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob
seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um
funcionário que se exprimiu em privado.
O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive,
feito já de medo e apreensão.
A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de
cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa.
A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação.
As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm
de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e
sem oposição à altura, Sócrates trata de si.
Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns
interesses económicos, Sócrates governa.
Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de
secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas
últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do
Estado.
Nomeia e saneia a bel-prazer.
Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos.
É possível.
Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De
incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta
de carinho dos portugueses pela liberdade.
Ary dos Santos
Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.
Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.
Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.
Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.
Ary dos Santos, in 'Resumo'
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
O Padrão dos descobrimentos faz hoje 50 anos
Localização:
Praça do Império
Freguesia: Santa Maria de Belém
Autoria:
Arqº. Cotinelli Telmo
Escult. Leopoldo de Almeida
Inauguração :
10 de Agosto de 1960
Em 1940, o Padrão dos Descobrimentos foi erguido a título precário, em gesso, por altura da Exposição do Mundo Português. Em 1960, por ocasião das Comemorações do 5.º Centenário da Morte do Infante D. Henrique, o monumento é reerguido em betão armado e pedra rosal de Leiria.
O Padrão apresenta as seguintes dimensões: altura acima do terreno 50m; 20m de largura; comprimento 46m; área de ocupação 695m2 e profundidade média das estacas – fundações 20m.
Este monumento homenageia os navegadores portugueses e todos aqueles que, de alguma forma, se encontram ligados aos descobrimentos. O Padrão simboliza um barco pronto para navegar, com a estátua do infante D. Henrique no lugar mais destacado. Atrás deste, de cada lado, estão representadas 16 personagens históricas.
As figuras localizadas do lado do espelho de água são: o infante D. Fernando, Gonçalves Zarco, Gil Eanes, Pêro de Alenquer, Pedro Nunes, Pedro Escobar, Jacome de Maiorca, Pêro da Covilhã, Eanes de Azurara, Nuno Gonçalves, Camões, frei Henrique de Carvalho, frei Gonçalo de Carvalho, Fernão Mendes Pinto, D. Filipa de Lencastre e o infante D. Pedro.
Todas as figuras têm 7m de altura, à excepção da do infante D. Henrique, que tem 9m.
O interior do monumento tem sete pisos dedicados a auditório, sala de projecções, bar, exposições e terraço com vista panorâmica sobre a praça do império.
Inicialmente, o Padrão dos Descobrimentos fica na posse da Administração do Porto de Lisboa, que o cedeu à Câmara Municipal em 1962. Em 1985, é inaugurado como Centro Cultural das Descobertas e, actualmente, é gerido pela EGEAC.
Bibliografia
CARVALHO, Gabriela, Itinerários temáticos de Lisboa: recantos e lugares, 1.ª ed., Lisboa, Media livros S.A., 2003, pp. 110-123.
Para informação mais pormenorizada fica aqui a ligação.
Nota minha: O exemplo perfeito do monumento do regime. Não serve para nada, não é bonito, não tem outra utilidade senão a de enaltecer os feitos heróicos e saudosos... (fico à espera de ser insultada por causa desta minha opinião)
Extraordinário!!!! Billie Jean???
Há artistas assim, que podem dar-se a todos os luxos ( leia-se devaneios )e a quem nada fica mal!
Vale a pena ouvir e com muita atenção.
Sophia...
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
Hoje finalmente a resposta ( ou pergunta )
Bem sei que a avisada sabedoria popular nos tomba sempre para o lado do mal menor; também concordo que as opções, entenda-se alternativas, umas são coxas outras não são opções sequer. Percebo por isso que talvez a cepa se mantenha, torta e tudo como está.
Só não consigo é, apesar dessa análise bem racional, deixar de sonhar. Pode ser, pode ser que sim, que alguma coisa aconteça.
Afinal, bem mais do que ter tendência para escolher os males menores, é apanágio bem português a tendência de esperar por qualquer coisa que nos salve, verdade?
Um abraço meu caro amigo Jorge!
Partidas
Não olhei mais que um breve instante, detesto aquele número do incógnito a olhar embasbacado para a figura pública. Desde ontem contudo, que penso insistentemente em algo que aliás há muitos anos me perturba as reflexões quando o assunto é a morte de alguém:
Se eu pudesse saber que aquela seria a última vez que olhava para o actor vivo, teria tido a coragem de o olhar de outra forma?
O Verão passado, quando a minha tia veio passar o habitual fim-de-semana anual a casa dos meus pais, tê-la-ia abraçado de outro modo se sonhásse que era o último abraço que lhe dava? Teria despido na hora a camisa que enverguei nesse dia e que ela tanto cobiçou, recomendando que lha guardásse quando me desgostásse dela?
Recebemos por mail, mil e um pps a dizer que devemos viver cada dia como se fosse o último; haverá alguém que se lembre de tal apelo?
Lido cada vez pior com a morte o que não é nada prudente, já que ela se vai tornando uma realidade cada vez menos distante.
domingo, 9 de agosto de 2009
Paulo Gonzo
Ouço este homem há mais de 25 anos, desde o tempo em que ele tinha uma longa cabeleira, 20 quilos menos e só cantava em Inglês.
Seja lá como for, não me canso da sua voz. E até acho que a perda do cabelo e o acréscimo de quilos não são acontecimentos negativos, neste caso concreto...
Cecília Meireles
O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.
O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.
O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.
Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.
Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'
sábado, 8 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
ZECA AFONSO, Menino do Bairro Negro
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Menino sem condição
Irmão de todos os nus
Tira os olhos do chão
Vem ver a luz
Menino do mal trajar
Um novo dia lá vem
Só quem souber cantar
Virá também
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar
Se até dá gosto cantar
Se toda a terra sorri
Quem te não há-de amar
Menino a ti
Se não é fúria a razão
Se toda a gente quiser
Um dia hás-de aprender
Haja o que houver
Negro bairro negro
Bairro negro
Onde não há pão
Não há sossego
Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção
Bonita homenagem da Mariza ao Zeca Afonso
José Afonso completava este mês 80 anos. Grande perda, a sua partida há já mais de 20anos!
Estará sempre connosco, através das suas músicas.
Pedro Barroso
Não nasci no Ribatejo mas foi lá que vivi a vida quase toda. O Pedro Barroso até me faz sentir o cheiro das lezírias!
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Saldos para recuperar votos!
Revisão do Estatuto da Carreira Docente
Tempos dos primeiros escalões da carreira de professor vão ser mais curtos
05.08.2009 - 16h06 Lusa
O Conselho de Ministros aprovou hoje alterações ao Estatuto da Carreira Docente, entre as quais a redução, no total, em cinco anos do tempo de permanência nos primeiros escalões da categoria de professor.O tempo de permanência obrigatório em cada um dos três primeiros escalões passa de cinco para quatro anos, enquanto no quinto escalão é reduzido de quatro para dois, num total de cinco anos.
Notícia integral AQUI
Aqui está, os chicos -espertos do ME/Governo PS devem pensar que os professores são parvos, que basta dar-lhes um torrão de açúcar e eles fazem loppings e saltos mortais, quais acrobatas de Circo?!
Talvez não lhes ficásse mal um pouquinho de vergonha e pudor, comandita dos diabos!
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Veneno
A fisga
Nesta interpretação é cantada pelos Cabeças no Ar, projecto que se seguiu aos Rio Grande mas com algumas diferenças na formação; o Vitorino, por exemplo, não fazia parte dos Cabeças no Ar.
Gosto da canção, principalmente do poema, que me toca o instinto profissional.
Sim, afinal que trampa de escola andamos a impingir aos nossos alunos?
GNR, Pronúncia do Norte
Bela montagem que "roubei" no youtube, com bonitas fotos do Porto à noite. Gosto da minha cidade, é pena que, à luz do dia, nem tudo seja tão apaixonante...
Uma honrosa dedicatória!
Gostei do texto, honrou-me a dedicatória e por isso aqui o deixo, com a recomendação de que visitem o blog.
Obrigada Jorge, é mesmo uma grande honra!
Quinta-feira, 30 de Julho de 2009
Eleições - 2
À minha amiga AnaLee!
O engenheiro Sócrates é muito parecido com os portugueses todos que vivem em Portugal. São pimpões, oportunistas, vivem mais para fazer ver. Engenheiro ou doutor tanto lhes faz, e só se não puder ser. É esse o pormenor que o salva.Comparado com a direita portuguesa, Sócrates é um rebuçado. Porque a direita que nos governou séculos, e fez de nós o que somos, é hoje igual ao que foi. Ainda traz as cuecas sujas que usou nas guerras de Alcácer. Fede a cortinados velhos e a preguiça. Tresanda a pratas roubadas, e ao sangue seco dos pretos que usava como troféus, à entrada do salão. Cheira ao mênstruo das noivas dos direitos de pernada.Uma direita assim não leva a nada. E esta esquerda que temos, assim suspensa no tempo, à espera que a história lhe dê passagem um dia, também nos não conduz a sítio nenhum. Bem se dirá que podemos ficar à espera sentados.Nesta democracia dos senhores, o povo nunca teve outra opção que não fosse escolher o mal menor, atendendo à circunstância concreta.
Publicada por Jorge Carvalheira